A esclerose múltipla é uma doença autoimune, isso quer dizer que é uma doença que ataca o próprio organismo uma vez que o sistema imunológico confunde as células saudáveis com células intrusas. A doença ataca principalmente o cérebro, nervos ópticos e sistema nervoso central.
Os danos á mielina presente no organismo, afetam diretamente a comunicação entre o cérebro e o sistema nervoso central, o que pode resultar em deterioração dos nervos causando danos irreversíveis. Com degeneração da mielina, os pacientes que sofrem com a doença apresentam danos ao cérebro ao longo do tempo, como a perda de volume cerebral.
Os danos ao organismo vão variar de acordo com o estado clínico de cada paciente. É caracterizada como uma doença debilitante, assim, em casos mais graves os pacientes podem perder a capacidade de andar ou falar com clareza.
Causas esclerose múltipla
Ainda não existem estudos que apontem uma causa exata da esclerose múltipla, assim, os estudos são voltados ao estudo da doença e de suas possíveis causas. Alguns estudos sugerem que a doença pode se manifestar devido à pré-disposição genética, o ambiente onde vive o paciente ou devido a um vírus específico.
Fatores de risco da esclerose múltipla
Diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento da doença, alguns deles são:
- Idade: qualquer pessoa está sujeita ao desenvolvimento da doença, porém, a grande maioria dos casos ocorrem com pessoas de idade entre 20 e 40 anos.
- Gênero: mulheres têm maior tendência em desenvolver a doença quando comparadas aos homens.
- Histórico familiar: as chances de desenvolver a doença aumentam quando se possui algum membro na família que sofra com a esclerose múltipla.
- Regiões geográficas: os casos da doença são mais comuns nas regiões europeias, sul do Canadá, norte dos Estados Unidos, Nova Zelândia e sudeste da Austrália.
- Outras doenças autoimunes: o desenvolvimento da esclerose múltipla pode ser facilidade caso você já possua alguma doença autoimune.
Sintomas da esclerose múltipla
Os sintomas da doença são mais comuns em pacientes com idade entre 20 e 40 anos. É importante salientar que os sintomas variam de caso para caso, isso porque os sintomas são apresentados de acordo com a área afetada pela doença. Os sintomas podem se apresentar de forma esporádica enquanto outros podem ser permanentes. Alguns desses sintomas gerais da doença são:
- Visão turva ou dupla;
- Fadiga;
- Formigamentos;
- Perda de força;
- Falta de equilíbrio;
- Espasmos musculares;
- Dificuldades cognitivas;
- Problemas sexuais;
- Incontinência urinária;
- Dores crônicas;
- Depressão.
Os sintomas da doença variam de paciente para paciente e não seguem uma linearidade, isso quer dizer que existem casos onde os sintomas se manifestam esporadicamente assim como existem casos onde os pacientes sofrem constantemente com os sintomas. O mesmo ocorre com a intensidade dos mesmos, em alguns casos os pacientes sentem os sintomas uma única vez enquanto em outros casos outros pacientes têm seu quadro agravado em semanas. Alguns dos sintomas mais comuns da doença são:
Sintomas sensitivos – motores
- Sensação de alfinetadas na pele;
- Dormência;
- Coceira;
- Queimação;
- Perda de equilíbrio;
- Espasmos musculares;
- Dificuldade para movimentar membros inferiores e superiores;
- Dificuldade em se locomover;
- Problemas relacionados à coordenação motora;
- Tremor nos membros;
- Fraqueza nos membros.
Sintomas na bexiga e intestino
- Vontade de urinar diversas vezes;
- Urgência em urinar;
- Constipação intestinal;
Sintomas sensoriais e psíquicos
- Tonturas e vertigens;
- Atenção diminuída;
- Perda de memória;
- Dificuldade em raciocinar;
- Depressão;
- Perda de audição.
Sintomas sexuais
- Secura vaginal;
- Problemas na ereção;
- Menor sensibilidade ao toque;
- Apetite sexual mais baixo;
- Problemas em atingir o orgasmo.
Problemas de fala
- Longa pausa entre as palavras;
- Fala arrastada e de difícil compreensão;
- Problemas de deglutição em estágios mais avançados.
Sintomas nos olhos
- Visão dupla;
- Incômodo nos olhos;
- Movimento rápido e incontrolável nos olhos;
- Perda de visão, geralmente afetando um olho por vez;
Um dos sintomas comuns em pessoas que sofrem com a doença é o cansaço e a fadiga. Muitas vezes, esses sintomas se manifestam devido às atividades desempenhadas pelos pacientes ao longo do dia, entretanto, existem também os casos de manifestação desses sintomas quando o estágio da doença está mais avançado, assim, embora o paciente tenha uma boa noite de sono ainda sente os sintomas mencionados.
Forma de evolução da esclerose múltipla
A esclerose múltipla possui duas classificações, são elas:
- Esclerose múltipla recorrente remitente: a forma mais comum da doença, geralmente se manifesta nos pacientes em surtos. Durante os surtos, podem haver sintomas neurológicos que podem durar semanas e podem deixar ou não sequelas nos pacientes, seguindo um período de remissão.
- Esclerose múltipla na forma progressiva: a doença nessa classificação, evolui gradualmente no organismo do indivíduo. Geralmente, o desenvolvimento da doença progressiva ocorre após anos com a forma recorrente remitente da doença, o que caracteriza essa forma da doença como secundária. Existem casos mais raros onde a forma progressiva da doença se manifesta, sendo chamado de forma primária.
É importante ressaltar, que os sintomas da doença variam de indivíduo para indivíduo, assim, é necessário que você não compare os quadros da doença com outros indivíduos. Os pacientes da doença que fazem o tratamento geralmente conseguem levar a vida de forma ativa.
Diagnóstico da esclerose múltipla
O diagnóstico da doença costuma ser difícil devido ao grande número de sintomas e remissão dos mesmos. De forma geral, os primeiros profissionais da saúde procurados são de acordo com os sintomas apresentados, devido a isso, os pacientes da doença são encaminhados ao neurologista somente após apresentação de diversos sintomas diferentes, até se chegar em um diagnóstico conclusivo. Alguns dos critérios levados em conta para diagnosticar a doença são:
- Sintomas ou sinais indicando doença cerebral ou na medula espinal;
- Apresentação de duas ou mais lesões no cérebro em áreas anormais;
- Evidência objetiva de doença no cérebro ou medula espinal;
- Dois ou mais episódios com sintomas que duram pelo menos 24 horas que ocorrem com pelo menos 30 dias de intervalo;
- Nenhuma outra explicação para os sintomas.
O diagnóstico da doença é basicamente clínico e geralmente deve ser complementado por ressonância magnética. Porém, o médico pode solicitar outros exames para excluir outras possibilidades de doenças.
Alguns dos exames que podem ser solicitados são:
Exame de sangue
Consiste em analisar o sangue do paciente para se excluir possíveis doenças infecciosas ou inflamatórias com os mesmos sintomas da esclerose múltipla.
Punção lombrar
Esse exame consiste em retirar uma pequena quantidade de fluido espinhal do paciente para análise laboratorial. Na análise, é possível é possível identificar anomalias relacionadas à esclerose múltipla. Com o procedimento, é possível também excluir infecções virais ou quaisquer outras condições que causam os mesmos sintomas da esclerosa.
Ressonância magnética
Com a ressonância magnética é possível obter imagens detalhadas do cérebro, medula espinal e outras partes do corpo. Com o exame, é possível se obter informações mais assertivas acerca do estado do cérebro e demais regiões do corpo que sejam relevantes para o diagnóstico da doença.
Tratamento da esclerose múltipla
Infelizmente a esclerose múltipla não possui cura, assim, o seu tratamento consiste basicamente em controlar os sintomas da doença e limitar o desenvolvimento da doença no organismo do paciente.
Atualmente, existem 3 tipos de betainterferonas disponíveis para serem utilizadas no tratamento da doença, são eles:
Interferom
O interferom é um conjunto de proteínas produzido pelo organismo e parte do sistema imunológico. Essas proteínas, atuam no organismo controlando as atividades do sistema de diversas formas, além de possuir propriedades antivirais. O interferom atua no paciente retardando o processo de esclerose múltipla, diminuindo assim o número de crises e suas respectivas complicações.
Acetato de glatirâmer
É uma proteína que atua no organismo de forma a reduzir o número de crises da doença. Ainda não se sabe como a proteína atua no organismo, porém, os médicos e especialistas acreditam que ela atua como bloqueadora do ataque do sistema imunológico à mielina. Assim como o interferom, o acetato de glatirâmer atua na redução dos surtos causados pela esclerose múltipla.
Mitoxantrona
É um medicamento imunossupressor e é utilizado em casos mais graves da doença. É ministrado no organismo do paciente 3 a 4 vezes ao ano, e sua ingestão pode estar relacionado ao desenvolvimento de outras doenças graves, como a leucemia. Por isso, devido aos seus efeitos colaterais sérios ao paciente, o mitoxantrona praticamente não é mais utilizado.
Medicamentos para a esclerose múltipla
Somente um médico neurologista poderá recomendar o medicamento que será utilizado no tratamento da doença e o seu respectivo tempo de administração no paciente. É importante que você nunca se automedique, o medicamento e a dosagem sempre deve ser prescrito por um médico.
Convivendo/ Prognóstico esclerose múltipla
Descanse
Descansar é essencial para levar um estilo de vida mais saudável quando se sofre de esclerose múltipla. Isso porque a fadiga é um dos principais sintomas da doença, assim, descansar pode melhorar a sensação de cansaço constante.
Pratique exercícios
A prática regular de exercícios físicos pode trazer diversos benefícios aos organismos de pacientes que sofrem com a esclerose múltipla leve ou moderada. Os benefícios incluem melhora da força, tônus muscular, equilíbrio e coordenação, controle da bexiga e intestino, menos fadiga e depressão.
Manter uma dieta equilibrada
É de suma importância manter uma dieta saudável, pois assim, é possível manter o peso ideal, fortalecer o sistema imunológico e manter a saúde dos ossos.
Alivie o estresse
Busque atividades que possam ajudar você a aliviar o estresse, como: yoga, tai chi, meditação, massagem entre outros. Isso é importante porque o estresse pode contribuir para o agravamento da doença.
Busque grupos de apoio
Buscar apoio quando se sofre com a doença é essencial para se manter a saúde mental. Isso porque diversos pacientes que sofrem de esclerose múltipla sentem-se isolados. Nesses casos é recomendável buscar grupos de apoio para um melhor entendimento da doença.
Complicações possíveis
Existem algumas complicações que podem se desenvolver nos pacientes que sofrem de esclerose múltipla, como:
- Espasmos musculares e fraqueza crônica;
- Paralisia;
- Problemas permanentes na bexiga;
- Dificuldades sexuais permanentes;
- Esquecimento e dificuldade em se concentrar;
- Depressão;
Prevenção
Infelizmente, ainda não existem métodos que possam prevenir a esclerose múltipla. Porém, o diagnóstico precoce associado a um tratamento adequado é essencial para a qualidade de vida do paciente e prevenção de possíveis doenças decorrentes da esclerose.
Conteúdo
- 1 Causas esclerose múltipla
- 2 Fatores de risco da esclerose múltipla
- 3 Sintomas da esclerose múltipla
- 4 Forma de evolução da esclerose múltipla
- 5 Diagnóstico da esclerose múltipla
- 6 Tratamento da esclerose múltipla
- 7 Medicamentos para a esclerose múltipla
- 8 Convivendo/ Prognóstico esclerose múltipla
- 9 Complicações possíveis
- 10 Prevenção